quarta-feira, 4 de maio de 2016

Você diz que eu sempre falo demais
não posso negar, é  um fato.
Pelos cotovelos, pelas unhas, pelos fios de cabelo
minha boca, solta, não dá conta
de desaguar o que o meu coração está cheio.
Agora me pego pensando
o que eu realmente te dei além de palavras
nas suas paredes
nos cadernos
nos aplicativos
Será que você consegue me sentir
em meio aos abraços?
Será que você consegue saber o que eu sinto
quando encho sua boca de beijos fortes?
Quando perco meus dedos no seu rosto?

Eu não transpareço quase nada do que sinto
parece me que só as palavras dão conta

mas
elas parecem vagas
agora

quando senti sua boca na minha na noite anterior
o frio se dissipou
a redoma trincou mais um pouco
aquele espaço que parecia vazio
estava preenchido pela sua procura

Eu desenho pra você
não há nada que seja em mim
mais honesto que isso
mais íntimo

Eu te beijo
e pinto, rabisco uma dezena de espaços
que antes eram vagos
e que agora
de alguma forma
são seus
tem seu cheiro
o doce som da sua voz


Eu sinto que o chão sobre nossos pés
ta rachado
não acredito mais em remendos
ajeito
um recomeço
pra quando você me quiser
pra quando eu não vacilar no engasgo

Você é a mulher mais doce que eu já conheci
quando abraça
quando beija
quando fala
quando se move
você inteira é um poema
que eu não consigo ler de uma tacada só
você é uma bebida forte
que tem sabores diferentes
dependendo da temperatura que se toma

Você diz que eu sempre falo demais
é, eu falo e escrevo demais
porque você move um redemoinho dentro de mim
nada quer ficar no lugar
todas as minhas gavetas querem protagonizar
uma cena rápida em um filme de tornado
me dá medo
me faz bem

eu cuspo farpas
eu peço desculpas

me dá medo
me faz bem