segunda-feira, 29 de setembro de 2014


E não prendo
E não mais puxo o assunto
Forçando letras
Se ainda quiser, estarei toda ouvidos e boca
O silêncio em si não é estéril
Cada canto que me coube, estive
Cada canto que me teve, amei
E talvez agora nenhum canto me use,
Gavetas apenas,
Como lembrança viva e morna
Quase toda assentada.
Não há lagrimas na face minha
Nem mesmo engasgo.
O prazer e a dor que poderíamos sorver
Entre nossas confusões e muros
Sorvemos

E diante disso não há nada a fazer.
Deixo ir
Me deixo ir

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Admito que não sei lidar com isso. Esse vazio. Essa sensação de estar perdendo algo. Mas eu ainda não sei o que sobrou pra perder. Parece tão longe. Parece que não sou eu a pessoa que sempre esteve ali. E eu ainda espero a pedrada mesmo que ela não venha. Mas pra mim ela vem de outra forma. Eu me sinto rejeitado em todos os sentidos. E não há nada pra se fazer. Não há mais espaço pra tentativas. Tudo que eu faço pra ela parece inexistente. Meu abraço, meu toque, coisa banal, recebida apenas, pra evitar uma cena. Ela diz que eu deixei de me importar, que eu eu sumi com todos os espaços pra ela respirar. Mas e de todas as vezes que ela me sufocava, e de todas as vezes que ela me punha louco? E agora um outro alguém tem tudo que me é negado. Talvez seja uma questão de tempo até eu me abandonar de vez. E mesmo sentindo tanto, talvez seja tempo de deixar ir. Mesmo não querendo, mas tenho terror dessa mágoa que se espalha. Tenho um terror que ela não se dissolva e entalada na minha goela, me apague mais um pouco.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Não chega a ser uma surpresa, mas doí um pouco mesmo assim. embora tenha a alcunha de Coração Gelado, dói saber as verdades ali contidas. Que estar comigo é apenas uma sucessão de dias, sem espera, sem nada, que poderiam ser dias facilmente apagados do calendário sem lembrança alguma. Sou muito sensível a pequenas mudanças, não comento, mas as vejo, e elas me roem. Como um barco de papel atacado por traças, antes mesmo de experimentar o rio ou a calçada chuvosa. Não chega a ser surpresa. Que eu achava que tudo se encaminhava pra uma melhora. Que talvez agora tivéssemos nos encontrado num mesmo reflexo, mas eu não sei. é sempre uma incerteza. E eu fico dando voltas sem sair do lugar. Talvez porque eu saiba que nunca fui uma grande paixão, algo desejado. Fui um acaso que por acaso era insistente e com algumas qualidades. Eu amo todos os sete, mas aqueles que mais me afeiçoei, são os que me querem mais distante. São os que não me querem. Ah, isso é só um mar de palavras. Um desabafo pequeno pra evitar que saia da minha boca alguma tolice. Um mal estar passageiro que não vale a partilha. Todo esse meu sentimentalismo só serviu pra tornar distante. E como sempre eu só concerto coisas que são alheias a mim, enquanto em mim tudo permanece quebrado.

quarta-feira, 21 de maio de 2014

É como ter o coração pesado. A vontade de chorar supera qualquer racionalidade. Um dia de silêncio. Raras palavras trocadas.  É como um pesadelo. Não ter respostas. Não saber fazer as perguntas. Não ter nenhuma saída, além de ir embora. Eu não quero ser um peso na vida de alguém que dá claros sinais que não me suporta mais. Que não tem mais vontade de conversar comigo ou qualquer outra coisa. Tô pagando caro pela série de erros.  Somos como estranhos dividindo o mesmo espaço. Ela tolera a minha presença por algum tipo de educação. A sensação que eu tenho é que vou enlouquecer. Que toda essa fraqueza vai me dominar e me ruir. Eu não sei até que ponto, estou ficando paranoica, achando que tudo é culpa minha, ou se realmente agora é tarde demais porque sim, foi tudo culpa minha. Me sinto fraco chorando assim pelos cantos, cada vez que ela dá as costas. Me sinto fraco e mudo e estúpido. Sem atitude, sem nada. E talvez, ainda aja algo nela. Mas estou cego pra poder saber. Ela esta fechada, trancada.  Eu não sou mais a pessoa que pode oferecer algum respiro, talvez eu nunca tenha sido. Espero que a outra pessoa possa amenizar a dor da vida, ou pelo menos acessa la, ja que não me parece ser uma pessoa estúpida como eu. 
É bastante doloroso saber que ela não sorri ao estar comigo, que ela nem sequer faz questão de estar comigo. Que eu ferrei tudo. Uma outra pessoa não me causa incomodo real, quando a relação estabelecida comigo esta indo bem. Mas agora eu me sinto sucateado. Sem força pra tentar reconquistar, pra continuar mudando.  E eu sei que isso é um lixo. Que esse sentimento é um derrota completa. O que dizer se ela chegar e me vir assim? Com essa cara de derrota? Me sinto envergonhado. Prometi a mim mesmo que nunca mais sentiria isso.  Teria essa fraqueza estampada na cara e nas falas. Essa agonia de ficar numa incerteza. 
É como estar num hospital e saber que uma parte vital sua esta morrendo e não saber o que fazer. Estar desenganado.

terça-feira, 20 de maio de 2014

Antes de você

Antes dela eu não sabia o preço dos tomates
nem como se acendia o fogão
Antes dela eu não sabia o porque do meu corpo pouco
do silêncio, da ausência de sensação
Antes dela eu não tinha motivo pra sair da inércia
nem sabia preço de casa, roupa, botijão
Antes dela havia memórias e invenções
e um medo terrível de existir incoerente
um medo absurdo de ser ridiculo, uma cara risonha
pra um coração em farrapos.
Antes dela, eu me olhava no espelho e tinha uma garrafa
no lugar dos meus olhos
tinha um copo, uma ausência, um silêncio dolorido
uma eterna negação.
Antes dela havia um sonho, distorcido por um caminhão de inadequações
Antes dela era verso neo romântico batendo na mesma tecla, na doença inexistente, num conjunto de amores vazios, de tentativas de ser aceito, antes dela sangrava a boca, sangrava o peito, era espelho quebrado, cadeira voadora, antes dela havia um eterno querer sumir, um eterno voar da janela, antes dela era dureza, não pela natureza de pedra, mas pelo medo de ser efêmero. E não se conformar em ser efêmero. Antes dela eu era estatística num gênero. Eu não queria admitir o motivo da incompletude. Eu queria negar o rosto do pai entre as sombras do cabelo. Eu queria ir longe, sentado num canto do chuveiro. Antes dela era um desajeito vestido de camisa combinando com a calça. Era cachaça. Antes dela eu tinha adolescência demais pra alguém de quase 30 anos.
Ela me mostrou meus erros, ela me amou do jeito torto que eu sou. Ela começou a me desconstruir. Mas eu sou tão medrosx, tão insegurx ainda, que ao longo dos meses fui podando nela as coisas mais lindas com desencorajamentos inconscientes. E ainda assim, ela me amou. Me mostrei um cavalo inconsequente. Ela relutante, me deixou ficar em seu colo. Antes dela, eu fatalmente posso dizer que não sabia o que era o amor completo, sabia o que era o desejo, a paixão, mas não o amor. Eu hoje, acordei me sentindo frio. Porque ela refletiu minha frieza contra mim. Ela me mostrou o quão vazio era o meu jeito de demonstrar amor. Eu acordei de pensamentos intranquilos. Eu não quero mais o antes dela. Agora talvez seja tarde pra cicatrizar toda a ferida que eu fiz sangrar. Hoje seria um dia a se comemorar, mas as minhas mancadas e medos não permitiram que hoje estejamos felizes. Ela não dorme mais segurando minha mão, nem tem vontade de sorrir ao saber de mim. Eu deixei um deserto onde antes havia um campo cheio de flores múltiplas. E agora tão tarde ponho sementes minúsculas na terra fria. Um dia quem sabe, quando eu puder olhar pra isso sem engasgo, quando eu tiver me reconstruido todo, você minha pequena e amada estrela, possa me perdoar por todo o percurso acidentado. E talvez quando você tiver reconstruido todas as suas partes que eu mofei, voce possa sorrir ao saber de mim.