domingo, 26 de dezembro de 2010

Descanso na janela o copo de Cinzano

Descanso meu amor nas folhas de papel, nas linhas mal talhadas da madeira, nos fios de lápis, nas manchas singulares da aquarela. Descanso tudo que sinto por aqueles lados. Porque você já não me ouve, e sinto que lá por dentro voltamos ao início. E a minha saudade é de uma coisa que quase existiu. Entende? Quase. Porque na minha cabeça louca, se não é intenso e queima beirando a dor não existe. Em mim ardeu, queimou, virou cinza. Dentro de você? Ah não sei. É coisa estranha. Essa maneira estrangulada de gostar de você. E sinto que nos perdemos em algum lugar desse amor não declarado mas gritado e rouco e pouco e muito e fúria e som e penumbra. Alguma coisa em mim martela a sua perda e alguma caneta sua destila "eu te amo" na minha palma, mas ultimamente ando descrente com esse papo de amor. E fico tamborilando no tampo da mesa, esperando alguma outra dose de qualquer outra coisa que me desmanche.

3 comentários:

  1. O paradigma da dor sob o sintagma da vida. O signo poético que prepondera sob e sobre o ultraje da realidade. =)

    Mais um belo texto, mais um evidente açoite.
    Por que somos tão parecidos!?

    hehe.

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  2. Pra desmanchar mais um pouco... http://www.youtube.com/watch?v=JUhpzyun8SE

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