quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Um dia eu aprendo a fazer mousse de maracúja

E tudo era perfeito mesmo na distância. E mesmo que não houvesse nada que aderisse a palma com carinho morno, havia o que mais movia seu peito, feito roda, deliciada, movida de pensamentos. Podia arder na maior cafajestagem, ali, ao lado dela, ficava sempre como uma bisnaga de tinta azul prestes a diluir-se no céu. Era o seu pequeno porto de emoções. Sempre que uma sensação abrupta de queda lhe afligia corria os olhos na procura dela, mesmo que longe, conectadas por um cabo, uma linha, alguma coisa invisível. E mesmo que não houvesse nada entre elas, havia para si, uma sensação de pertencer aquele espaço, aquele sorriso e aquelas duas avelãs que eram seus olhos. Um poema de Neruda sempre. E como um puma que povoa todos os secretos desejos, como um pedaço da terra que recobre no frio a pele minha entre a densidade suave das linhas plenas, entre a dureza aérea das palavras tensas, ah, eu quase digo que não muda nada. Que não muda nada a situação que estamos, estivemos, estaremos. Pra mim sempre será bom e quente ao seu lado. Mesmo que eu não faça o seu prato favorito, ainda assim serei alguém pra vez ou outra te fazer rir. E é assim mesmo, começa distante, de repente eu meto o eu ai tão aparente, e o você ali ao lado.

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