sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Duas noites em meio a chuva


Várias noites em vão. Acordado olhando para o teto, na busca incessante de uma palavra que o definisse melhor. Ficou em vão sonhando ser menos do que esperavam, menos do que se via, e mais estranho do que imaginava. Sempre avulso dentro de uma ou duas janelas. Ficou inerte como aquela mancha na parede, aquela mancha dágua da calha que escorria depois de muito usada. Que transbordava. Várias noites em torno de um desenho de uma boca que nunca, nunca falava, mas que dentro do seu travesseiro quase andava e quase estremecia de raiva ao vê-lo. Era muito vazio dentro do seu espelho. Era muito vago a sua altura. Era quase um desespero, se não fosse a gota de chuva que esvaia tensa lenta e ritmíca a sua lentidão de existir. Porque no fundo era lento.

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