domingo, 21 de agosto de 2011

No último gole, um cubo de gelo indissoluto me rasgou de leve a carne da goela

E o dia foi feito de quases, de tanta coisa entalada, espinha de peixe sangrando e com pus. Unhas ruídas e silêncios indiscretos, vento frio e mãos endurecidas. A voz dele ecoava triste e pálida por cima do teor forte do seu copo. A única coisa projetada no seu semblante era o desgosto por não entender as minimas molas do gene ali modificado, crescido e alterado. Ele não sabia que nada daquilo realmente ofendia, porque aquilo era só um desejo seu. Não meu. Não íntimo. Casa, carro, filhos, cachorro, domingos no parque, essas coisas da gente que roda dentro da roda como diria Caio. Eu não sou disso. Eu sou do partido do Genet, eu me visto de vergonha pra dizer que não sou feita disso ae, e não sofro. Mas não faço disso bandeira, apenas passo. Quero assim, ficar rio. Passando, deixando as coisas dentro de mim boiarem e quando cansarem desse não lugar, deixar que se agarrem as bordas, a um pneu, um caco, qualquer coisa e me deixem.


Eu tinha receio de perguntar se no íntimo dos seus silêncios ela concordava que eu era apenas isso, uma coisa que não certo, um origami com dobra errada...talvez ai, eu não sobrevivesse e fincasse pé na cova, porque na roda eu não dou jeito. Eu giro e vomito, caio em vertigem. Adoeço, endureço.


Ultimamente eu só quero que nada mais exista além do tempo escoando entre os relógios e que acabe, assim como uma peça de teatro.

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