sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Se isso, SE aquilo, SE SE SE SE

Se... insuportável sensação de se. Sede. Inaplacável sede com um copo cheio e transbordante entre as mãos sem poder beber. Se. Coisa que martela, eu fico entrevendo entre as frestas dessa vida, as nuvens que se avolumam como corpos dentro das minhas retinas. Acumulam- se SES na minha coluna que enverga, moldando interrogação constante e sem solução. Fico entre dentes pensando que a grama do vizinho tem sempre menos pragas. Quando é tudo a mesma coisa. E fico sentindo coisas que não tem razão de ser. E outros sentem por mim coisas que não posso explicar. Mas ali, do lado, como cachorro que acaba de ver o dono após longa separação, e roda e pula e late e de repente sente os olhos do dono pesando mais para as cadeiras, poltronas e armários eu me desarmei na tristeza cabisbaixa dos tolos. Armando dentes dentro de mim pra me consumir. SE.SE. SE. SE. Milhares de se rondando como moscas varejeiras a minha vida que não sai do vidro. Que fica na zona de conforto, mas minha alma se debate. Mas o corpo se insere num desenho casual e banal. SE. SE eu tivesse peito, diria que de alguma forma amo. Que de alguma forma canalho. Que de algum jeito aceito o que desce sobre minhas mãos. Que de alguma forma me entendo imperfeita. Que SE é uma "palavra" de merda. Que se sentir "se" é um vácuo no espaço tempo. Que é perda do mesmo. Ladro, corro atrás da poeira dos carros, ladro na janela sem averiguar meus erros, e bem , pode-se pensar tudo isso como muito baixo, mas o meu SE, se ele ocorrer é tenso e visceral como a carcaça do sol no momento da morte diária.

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