sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

E era assim quando cruzava a Matias Aires desavisado

E era isso.
Simples daquele jeito que sabia tão bem fazer.
Desceu as escadas e pediu mais uma dose, seu Zé, dono do bar, nem fez caso do fiado, o terceiro ou quarto do mês. Mas olha só, o mês tinha uns oito dias ainda, meio recém nascido. Deixou em cada talagada suave, lenta e doce uma idéia escorrer. Lembrou de todas as coisas que conseguia. O máximo de palavras escorreu na língua sem sair. Pensou direito. Não fazia bem ter raiva assim do esquecimento, porque ele mesmo se esquecia e muito. Nem de criar caso só por tédio. Último gole. Copo vazio. Reluzente ainda daquele fio fraco de cachaça restante. Dava nem pra lambuzar uma linha do dedo. Perdeu 2 segundos olhando o copo. Abriu a vista pra rua. E pra todo o mar de gente que se acotovelava naquele ano recém parido. E mesmo assim, pareceu divertido. Teve mais raiva não e nem saudade. Essa era uma coisa que sentia tanto e que não levava a nada, era esquecido..então uma hora ele ia esquecer, simples assim, como uma conta de telefone ou um frame da infância. Desceu a rua sem pagar a pinga, no final do mês, lá longe dava jeito, se não esquecesse.

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