segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma segunda um número menor que o dia

Desconforto. Essa chuva que não para. O meu corpo que adormece. O esquecimento que se aconchega nos meus espaços. Ia dizer qualquer coisa de inútil. E fica assim só um desosso. Uma coisa trêmula que não consegue sair, zarpar e ganhar o mar, fica dando voltas dentro de mim, não não é nenhuma dor, nem nada que rime. É um pedaço do tempo dando voltas na minha garganta, trazendo em si uma irritação. E essa chuva que não para. Acesso toda a minha coleção de músicas de chuva, Galaxie 500, Smiths, Elliott, Portishead e por ai vai. Deixo essa coisa se abater sobre o corpo e a voz e fico inerte esperando que saia. Sacudir não adianta muito. Nunca adiantou muito.
E eu quase não penso em nada, fico exclusivamente olhando pros meus rabiscos, cheirando minhas paredes mofadas e pensando em Caio F. Morangos mofados. Parede verde. Sentada no chão, no cúmulo do desconforto, porque o chão tá cheio d'agua, me sinto numa ilhada, isolada de mim mesma por quilometros de distância. Longe até de qualquer saudade.

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