segunda-feira, 20 de junho de 2011

Comum

Movediço. Ouvindo músicas ruins, que colam à parte mais intíma dos tímpanos. Numa tentativa frívola de me sentir mais perto do comum. Daquele instante comum. Mas está descolado. Meu peito, dedos, verbos, cabelos, pêlos estão descolados. Embora sinta saudades. Parece-me cada vez mais insuportável ficar entre as pessoas. Entre certas pessoas. Trabalhar com pessoas. Sinto tão melhor, tanto alívio em meio as folhas de papel, a tinta e aos respingos de cor na camisa. Assim entre desenhos, pequenos rabiscos, no mundo das idéias. Alguém uma hora escreveu " eu não vivo de sonhos, mas de realizações". Eu acho que vivo de pensamentos desconexos. De linhas extravagantes e de mobilias cor tabaco.


Ai de repente muda tudo e num lugar desmontável aquele homem fica desmontando nuvens e perdendo as horas conpensando os seus sentimentos em formatos inflavéis. Ali, sem sequer parar para olhar o relógio, mas de olhos fixos no sol. As retinas queimadas. A letargia esparramada pelas camisas, telhas, cremes, passarelas, caminhadas. Entre aquelas expressões facéis e aquelas que parecem facéis mas que são cheias de alguma coisa que bóia e chega até alguém como algo novo, mas que aqui é velho velho, mofado mesmo. Com cheiro de folha seca. Fica assim sentindo esquemas aritméticos dentro do coração. Esbanjando alienações. Inibições. Exibições. Espera. Espera? Espera!!


Eu não terminei!! Hey, espera!!


Foi? Você ouviu? Eu chamei! Claro que chamei!


Isso não faz nenhum sentido


Não?


NÂO


É que vocÊ tá ocupado demais ardendo por ai dentro de garrafas e não percebe onde os pontos se conectam e onde os personagens são exatamente o reflexo mambembe de um desejo qualquer que até já se esqueceu de nascer.


Papapa pa ra ra, sabe?


Hein?


A música!


Você sabe, conhece essa música! Você que me ensinou, agora fica esse papapapaaaaaa aqui quando eu fico sem saber pra onde olhar, quando as nuvens não se deixam engarrafar e os desejos não desejam sair do ventre da minha saliva.


Ah eu fico sonhando em dormir na geladeira. Ao lado das garrafas de vodka. Ao lado dos iogurtes e alfaces. Mas e se não tiver nada na geladeira? E se meu dinheiro tiver acabado antes do décimo dia útil e não houver nada na geladeira? Resta a solidão do frio. A existência do silêncio e todas essas coisas que me são tão comuns. Olha ae, eu sou comum.

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