sábado, 14 de novembro de 2009

Crônicas de uma mente vazia Vol.4

Cansei de comer putas, arrombar corações e ter o meu estilhaçado a cada perda. A cada concerto grosso de gemidos ocos a boca fica anêmica e uma ferida imensa surge no que seriam minhas palmas. Tocar apenas a superfície vítrea dos seres. Ter apenas um prazer doentio em retirar as certezas em gotas de suor. Apenas o mais baixo da alma. A menor unidade de tempo nos braços de alguém. A ferida mais fácil de cicatrizar que em mim fica coçando e sangrando por dias. Cansei de esticar noites em bares asquerosos com copos preenchidos de vazio. De conversas rasteiras que não me detém. Cansei de esparramar palavras doces e súplicas por uma aprovação da minha existência. Um RG maldito gritando minhas qualificações como ser humano. Cansei de dar murros em ponta de faca e passar o dia com a mão retalhada. De ter percepção dos rodeios, das mentiras e das pequenas ações esquivas, do pânico que meu gênio causa. Já estourei o saco pensando em como mudar o mundo, mas hoje nesse dia cinza, a minha criatividade mórbida tornou-se moribunda e aquela revolta que sempre me sobe aos lábios viu uma chance de ver o céu. A goela fica ardida e um sono povoado de imagens doentias quase lisérgicas recobra calor as minhas gengivas. Cansei de certa forma dessa vida cheia de crônicas vazias sobre pessoas estranhas e suas deduções.

Abro a geladeira na busca de uma cerveja, alguns vícios são difíceis de rejeitar na solidão da casa, o degelo não me traz os mesmos pensamentos de Eisenstein, apenas uma umidade que acaba em poças largas, ou que pelos formará poças largas pela manhã. Deixo o liquido gelado lamber minhas caries e me provocar dores finas e sedentas. Jogo o copo ao fim contra a parede pelo simples prazer de depredar meu universo fantasioso.

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