quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Apesar da dor que a chuva traz entre suas costelas

Apesar de toda a inconstância, todo o apego as marcas do passado ficam vermelhas e ardentes nas noites de frio. Que apesar do calor que o álcool traz o coração permanece frio, sem vontade de bater, preguiçoso esperando a hora de morrer. Que as letras caem dos lábios para os fossos dos dedos esperando o esquecimento como prêmio. Que apenas nesse momento, assim triste, carcomida fico viva. Que preciso da dor pra me mover, me arrastar entre escombros, que apesar disso me matar, necessito. Ainda assim odeio. Ainda assim transformo esse volume de tristeza em algo atrativo pro meu olfato, farejo mesmo a minha desgraça e a noite me adensa. A noite me detém sem sono. A noite me detém fria e pétrea.

A dor passou um pouco. Limpo uma gota de catarro na gola da camisa. Abro uma cerveja pra deixar o corpo mole. A noite entra na minha retina e me sinto invadida. Qualquer coisa é melhor do que ter memória. Do que ter um corpo e uma vontade. Qualquer coisa mesmo. Um pico. Uma estrada desgovernada. Um coma. Um engradado de cerveja quente. Qualquer coisa é melhor do que sacudir as gavetas. Até mesmo fingir que está tudo bem. Que apenas o uso abusivo de álcool me deixa melancólica e triste.

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