sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nº34

Uma raiva nada literária, uma sensação desmembrada, queria explodir deveras as palavras, as paredes, todas as expectativas. Essa sensação descabida não vaza, não tem honra, não tem compreensão que o tempo corre enlouquecido. E que não há mais nada que deixe espaço pro respiro. E essa droga não passa. Não passa. Queria ascender o pavio da alma e jogar ao mar todas as gavetas. Esquecer que há necessidades fora de mim. Em mim. Pra mim. Para outros.
Queria desabar num conhaque, numa morfina, num profundo esquecimento da existência. A vulgaridade das minhas palavras só deixa transparente a brutalidade das minhas emoções.
Cadeiras. Armários. Folhas. Pranchetas. Copos. Pela janela afora.

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