domingo, 1 de maio de 2011

Uma lacuna muito, mas muito pequena e fria da noite

Passou assim.

Dia. Noite. Dia. Noite. Dia. Noite.Dia. Na progressão das horas e eram quase cinco. Aquele gosto de sono misturado com uma pitada de azedo. Amanheceu tarde olhando o céu que se abria num azul opaco. Azul opala. Pegou o metrô e dormiu. Desceu na estação errada e teve que ficar ali. Em pé. Rezando pro sono não o dominar mais uma vez. Sentia-se pesado e odiava isso. Gostava de beber a noite. Ficar ali com seus cubos de gelo. Mas a noite é feita de corpos. E os corpos que estavam ao seu redor estavam vagabundos. E teve então aquela sensação de ser demais pra estar ali. Bebeu cerveja. Ele ODIAVA cerveja. Mas era o que havia restado, além dos três reais contados pra voltar pra casa. Um bom conhaque sairia caro. E ninguém ali ia lhe pagar um. Sentia o sono esmurrando as lacunas do seu corpo. Odiava a ressaca quase mais que a cerveja. O dia passou receoso e cheio de amnésias.

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