segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Na casa de chá vendo o rosto do céu se desesperar a uma distância controlável

Quase que por um segundo as coisas saíram do meu controle. Quase que a sombra vestiu minha jaqueta e saiu para cantar que a morte saiu de férias. Que grande bobagem. Ela trabalha todos os dias e nunca folga. Carrega nos ombros as parcas almas fragilizadas por remédios, resíduos morais, ancestralidades animais, por acasos, por desgastes. Quase que choro. O olho chegou a coçar. Mas é natural que uma hora a carne se desfaça em cinzas e estas em meras lembranças de um domingo chuvoso. Mas não julgue insensível. De que adiantaria uma pilha de palavras sofridas ou narizes assoados para um coração que já se encontra em semi pedaços? De que ajudaria a alma um punhado de “sinto muito” quando na verdade nada sente? Fingir usurpar a dor alheia pra se travestir dela e por assim dizem compreende-la e dizimá-la e nada menos que um insulto. O silêncio do abraço e do telefone ligado a noite toda são mais que suficientes para confortar. E quem quiser ser dócil que doe um abraço, mas não uma lágrima parida a força. Se não sentir, simplesmente não imite. Quase por um segundo eu abri a janela e fiquei vendo a chuva cair, mas ela não caiu, se recusou, apenas debilitou o azul do céu num cinza débil. Até mesmo o tempo tem como encobrir as suas tristezas.

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