segunda-feira, 17 de maio de 2010

Dois copos e um celular tocando

Cobranças de todos os lados. Sentimentais. Viscerais. De horário. De postura. "Fulano está chateado com você". " Beltrano ficou puto porque você sumiu"."Você prometeu tal coisa e não fez". De certo que não sou um anjo e tenho parcela de culpa, mas a minha natureza não permite essa invasão do meu tempo. Esse querer-me o tempo todo. Não quero ser de ninguém dessa forma nem pertencer à rotinas. Sejam elas de trabalho, de sexo, de amigos. Quero a minha ilha, o meu pequeno pedaço de asfalto, de cheiro de chuva pela manhã. Um pouco de cerveja pra amenizar a solidão. E só. Sem classe, mistério ou desculpas. Se não estiver apaixonada pelo corpo, pela folha de papel, pela idéia não adianta. Por obrigação enrolo. Não faço. Faço feio. O profissionalismo vai ladeira abaixo, porque o meu é motivado por paixão. É preciso queimar, eu preciso sentir correr na veia. Se não corre, estatela e morre na parede. De cara. E ultimamente aquilo que tem tomado grande parte do meu tempo são coisas amenas, sem desejo. Apenas uma ou duas coisas me fazem dormir tarde pra pensar naquilo, me fazem não dormir. Algumas pessoas mexem com meu corpo mas não com meu coração. E outra com o coração, mas ai, é outra história. É outra mesa de bar, outro conto não linear.
Tenho vontade de satisfazer a todos, dar o que tanto querem de mim, pra que simplesmente parem de me torrar. Pra que fiquem felizes e me deixem no meu canto. Mas pra variar sou sincera demais. Me desgasto demais com tentativas de concertar manhãs alheias e deixo as minhas empoeiradas. Pra variar existe um paradoxo entre ficar só e desnudar o mundo pra construi-lo diferente.

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