terça-feira, 18 de maio de 2010

Roxo e azul

Uma sensação perdida entre os dedos, como um pedaço de sonho entre os olhos ao acordar. Fica nos lábios uma palavra inaudível. Algo que não se reconhece de imediato. Ato. Estranho. Intenso. Metafórico. Erótico. Oco. Paradoxal. Roxo. Azul.
Uma alegria meio besta, de paulista. Típica nos dias de chuva. Sensual sem ser retina. Fico na espera. Percebe a linha? Eu traço retas nas curvas que imagino. Solitário. Mas eu gosto do gosto que o vento deixa na boca quando passa no meio de um respiro, suspiro. Qual era o nome? Não, sei, bombeia sangue. Bombeia sonho. Num dia triste, noutro Balzac. Sem explicações para o acaso que mora nas minhas linhas, sem tempo pra reconstituir os passos da Lua até o chão quente feito de asfalto, gotas de alcool, beijos salivados e invasões silenciosas de corpos. Para os livros sonhados cheios de páginas desenhadas, incabandas, esboçadas de olhos, bocas, quadrados de pele nua, palavras vivas e transpirantes. Ontem eu imaginei um mar de cimento pras minhas sensações, mas algo vivo sapateou dentro das minhas veias, linhas envolventes. Uma mulher pode ser muito mais que apenas uma mascara de beleza, dura e esmaecida. Na linha que te torna bela existe uma linha paralela que me torna viva. E no processo de troca de desejos ocultos, vive um prazer calado que não fica fisíco nem explícito, mas ainda assim quente. Roxo. Vermelho.

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