domingo, 23 de maio de 2010

Quando só um soco direto no queixo ajeita os dentes

Tentar é um verbo, é uma ação. É não manter-se impotente diante de um músculo que tensionado ama, odeia e retorna ao seu estado natural. E mesmo cheio de uma dor latente, poque o pobre se doa tão rápido, tão intenso (teria fogo pra dois infernos e uma chaleira no céu), e se perde na galáxia fria tão rápido. Sempre tão rápido. Sempre e nunca. Deve haver algo de terrivelmente errado nesse corpo, nessa alma, nesse peito de merda, que difamado, mesmo quando elogiado, se sente mendigo, o pior dos bêbados, o maior dos tolos. O punheiro na sala de jantar. O masturbador de crianças. Se sente impotente. Tentar é um verbo. Uma hemorragia.
Quando o sonho era tão doce, e te parecia tão próximo. Próximo. Só se for dentro dessa imaginação. A realidade jogou uma pedra na janela e disse " Hey acorda, olha direito, não é nada disso, você com certeza é um bendito zero a esquerda e ela tem mais o que fazer". Realmente deve haver alguém que mantenha aquele coração aquecido. Tentar é uma merda. Mas necessária. Tentar é o que mantém o coração difamado, ainda atento nos versos de Augusto.
Tentar é o que eu não quero mais, quero voltar a ser um zumbi. Voltar a ter corpos como quem tem galhos nas mãos. Sem destino. Sem decência. Porque depois de muito tempo, ela foi a única que fez algo se mover dentro dessa casca. E mesmo assim.... tentar é uma desculpa. Tentar é viver. E isso é muito auto ajuda. Muito auto comiserativo. E eu não preciso disso. Doi. Doi. Um bocado. A recusa é uma vergonha. A recusa me deixa doente. Mas tentar é inevitável. É cortar a mão várias vezes por dia. É mutilação de sensações. É se abrir e se deixar invadir pra alguém te deixar a deriva. Tentar é tudo que eu NÃO deveria ter feito e Só o que me cabia. Antes isso que a aparência flácida da imaginação apaixonada.

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