segunda-feira, 13 de julho de 2009

O ataque dos RGs mutantes vindos de Marte

Fenda esburacada e cheia de dentes, a boca letárgica fica afeita as lembranças de discursos velhos, a pastiches, a clichês. O famoso dueto. Fico penando feito alma de filme, sem ter o que fazer, absorvendo as coisas que pobres chegam ao meu abraço. Corrijo as linhas, amanheço-as de um novo ponto de vista, mais irreal, talvez menos maduro. Perco o horário de propósito. Nunca cumpro prazos, gosto da idéia da irresponsabilidade consciente. Prendo o relógio numa forca e redijo uma extrema unção com açúcar de bala de goma. Adeus ao tempo e a todos os pretensos compromissos hipertensos. Que morram com formiginhas de Buñuel nas bocas. Alcanço a rua em poucos instantes munida de caneta e papel. Nos olhos opacos das pessoas reescrevo suas histórias e arranco de seus bolsos os Rgs. Identidade é pra que tem onde viver. Não apenas ficar vagando feito eu num limbo de relógios assassinados e romances eternalizados na desgraça de seus finais. Decadência é uma questão de ponto de vista e de classe. Charme barato pra pretensos malandros. Boca do lixo se foi nos anos 70. Maloqueragem da fina num saco preto correndo a rua Augusta cuspindo apitos. Palpite? Acho que deu curto na boca do cérebro e ele gorfou todo o aprendizado em fascículos dominicais. Espasmos secos de sensibilidade. Perdendo a noção de enredo. Qual a verdade? Sei lá. Procura no Google. Está lá em algum lugar. Internalizada em algum link fantasma. A boa da vez é a minha insegurança. A minha vantagem extra sobre o resto dos anormais. Afinal de contas a anormalidade é um bem adquirido. Por acaso, dentro do RG, nas filas do banco, no tratamento das senhoras de respeito para com nossas miseras diferenças. Não é mais questão de ofensa. É de senso crítico. De senso estético. De médicos. De clinicas. De espasmos. De parques. Vidas piratas enquanto o mundo explode na última mega produção americana. É o fim mesmo. Não do mundo, essa bola vai ficar vagando no espaço por muito tempo, mas as pessoas, ah, essas são conchas sem graça, brancas, sem perolas, achando que contém toda a esperteza do stand comedy. E a minha fenda segue destilando um veneno perfumado e pervertido por todas as ruas. Enchendo os bolsos dos transeuntes de poemas, de tristezas, melancolias, megalomanias, manias alheias. TROCO RG POR POEMA, QUEM VAI? Ninguém.. A poesia louca não agrada a todos os estilos globalizados e fictícios.

A identidade é uma farsa assim como meu riso.

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