terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quando o autodidata dentro de mim se estressa

Rabiscos em papéis amassados. Rostos toscos desenhados em posições idênticas. As mesmas mãos estiradas num apelo que não se sabe qual. Pede-se o que? Pra quem? Por que? Por que raios se pede algo e não se toma logo de vez na violência de um instante extremamente humano? Porque já não estabelecer a lei da selvageria confusa e visceral das relações inexistentes. Faz um tempo que não vejo alguém que me inspire um poema. Algo além de um arfar sujo numa noite de garrafas obscenas. Algo a mais. Simplesmente a mais. Faz tempo que não lanço letras ao vento. E esse oco me convém. Como uma árvore esperando uma tempestade absurda que nunca vem eu me sento na porta de casa esperando um automóvel desgovernado pra me destruir. Me destituir desse catálogo de fracassos. E mesmo quando não quero tudo se torna por demais pessoal. Tudo segue. E eu também. Sigo cega numa auto estrada lotada de caminhões. Qual deles vai me abater? Além dessa tristeza que por vezes me toma pela mão e me faz dançar a valsa que eu nunca lembro. Além de um passo menos espontâneo. Menos prazeroso. Ao contrário dos almanaques de dança de salão, se torna intenso e frouxo o meu discernimento acerca da minha beleza. E tudo fica adunco. Curvo. Disforme. Desovado. Inteligível. Emaranhado de linhas num formato não coreografado. Caligrafia horrenda sobre um caderno que poderia ter sido um livro de artista. Poderia se não fosse o acaso. As escolhas. Ou qualquer outra desculpa mais prudente.

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