segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Se alguém perguntar por mim diz que eu fui por aí

Vamos sair dessa casa. Dessa amarra. Dessa carranca. Desgrudar desse telefone. Fazer um poema enorme pelo MSN. Juntar pedaços de fotografias alheias e paus e pedaços de janelas e montar uma instalação na esquina do seu prédio. Escrever um roteiro para um filme sobre um sol que tinha músculos e preguiça de levantar de manhã e sobre uma garota que tinha um cabelo estranho demais. Talvez uma ficção cientifica com latas de lixo e caixas de papelão. Nos fundos da casa vestidos de robôs espaciais com sacolas de mercado na cabeça. E tudo isso no fundo é bom demais. A tolice as vezes é boa demais. Serve de válvula de escape para toda uma série de pretensões, fantasias que só se realizam dentro das gavetas da cabeça. Para um mar de sonhos que não se realizam. Seria talvez um último grito de solidão, se não fosse ela a dançar no meio da sala. Até que fazemos um belo par. Minha solidão e eu nem somos mais tão tristes. Uma hora a gente se acertou e as vezes a noite uma vez por semana imitamos o Bergman e vamos jogar xadrez pra decidir nosso destino. Tudo muito lúdico. Muito prático. Automático. Nem é mais tão ruim ver da janela uma série de janelinhas acesas numa noite qualquer quando apenas um desejo de fazer algo de inusitado banhava as têmporas minhas. Veio o silêncio pornográfico dos pensamentos silenciados. Depois a apatia por pequenas derrotas. E eis que nem é tão preocupante o que vai ser daqui pra frente. Eu perdi de novo pra minha solidão, mas ela como boa companheira soube dividir uma taça de vodka. Então vamos sair daqui hoje. E jogar todos os livros do Caio Fernando Abreu nas cabeceiras alheias. Espalhar um pouco desse momento por ai como uma música que se ouve em looping até seu frescor se acabar e outra tomar seu lugar.

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