quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Saindo de si

Precisava de alguma coisa que a fizesse sair de si. Deixar seu corpo lânguido e morno e denso e díluído numa penumbra. Tinha os nomes. Tinhas os números. Todos os artifícios conhecidos pra sumir de si. Mas faltava algo ainda. Algo que ela não conseguia delinear. Algo que na veia se incorporasse ao sonho, que não a destruisse no refluxo, na puxada da maré. Algo que a fizesse levitar e não rastejar. Tinha todos os contatos. Todos os imediatos. Mas as suas veias estavam cansadas. Suas pernas empoeiradas de vícios sobrepostos. Suas roupas encarceradas em cansaços alucinógenos. Pele. Pele. E mais pele ardendo por baixo da sua pistola. Uma nova maré sem romances se aproximava. Precisava de alguma coisa pra sair de si. experimentou o corpo do outro como recarga pra sua ausência. Desmentiu um sorriso na adrenalina frigida da manhã. Ausentou-se por dois segundos da atmosfera fracassada. Saiu pela manhã disparando palavras intensas embora dentro de si não houvesse intensidade alguma.

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