sexta-feira, 4 de junho de 2010

Cigarro solto nº8

Não era o bastante. Por mais que a visse por trás do box esfumaçado e a ouvisse cantar belas melodias e recobrisse a memória com algo de intenso, não era o bastante. O carinho ao cortar as cebolas, o jeito tenso de fumar compulsivamente. O pentear os cabelos ainda úmidos do vapor quente do chuveiro. Não era o bastante para lhe trazer o amor aos olhos. E nessa impossibilidade sentia-se vazia. E ainda que pensasse nisso, sentia-se alheia ao ouvi-la cantar e tinha a cabeça noutra parte.
E por vezes escolhia o lado triste e solitário das coisas.

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