sexta-feira, 4 de junho de 2010

Solto e frio nº 9

Chuva doce e fria. Intensa. Queda por entre os telhados, infiltrando-se nas almas insones. Nas xícaras de café gelado. Nas sobras de pizza sobre a mesa. Nas letras amarfanhadas dentro dos bolsos. Lava as calçadas de seus vômitos, mijos, jatos de sonho, esperma e sentenças quebradas. Deixa no espaço apenas o som e o odor de sua presença. E deixa em mim um pouco mais de carinho. E deixa em mim um pouco menos de espera. Talvez um pensamento não concluído. No meio do caminho a certeza de que ao mirante eu não chego nessa noite, não verei a cidade de cima, ao lado das estrelas, talvez a veja de lado e de longe, apoiada no beiral de uma janela de esguelha.

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