terça-feira, 1 de junho de 2010

Poema degenerado pelo frio nº2

Solo
cantado em solo
ardendo em polos
opostos
o vento corta o rosto
em dobras
e faz das mãos
portas
para toda a ansiedade
que impede o riso
Em meio aos deslizes
em meio a tanta retórica
eu hoje nada faço
senão deitar-me em letras
forrar-me delas
vomita-las
agredi-las
usurpa-las

e eu que não sou de letras
caio num resquício
e eu que não sou de perdas
delineio precipícios

Não me cansa o ritmo da caça
cansa-me a inconstância
as letras fogem, sobem
se matam
dentro da minha cabeça

Solo
num solo
de baixo
me desmancho
no frio das mãos
os calos
da saudade adulterada
e do amor expandido
pela cidade cinza e enevoada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário