sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Em duas ruas paralelas em dois mundos desconexos perdi meu nome

Tomada por um impulso frenético, palavras corroendo os cantos da boca, ali sentada, sem mais o que dizer, sem mais o que pedir. A chuva se esvaí pelos pêlos asfálticos da cidade. Ali no cinza tudo se desfaz. Sobre o rosto alheios de milhares de passantes calados. Eu fico ali, a contemplar um mar de rostos improváveis ou a chuva? Não me satisfaz exatamente.

Tomada por um impulso excêntrico, descendo as escadas de uma casa que não é minha, perdi meu nome nas paredes do labirinto. Onde está o meu gato? onde está meu passaporte mágico? Não existe um mundo de fantasias prováveis? Degustáveis? Não existe nada além desse vão que sucumbe aos meus passos. Passo. O dia. A noite vendo, revendo, entrevendo as posses de uma certeza que não mais me habita.

Irrita
a sensação de estrangeirismo, eu não sou daqui, não mais, e fica tudo por isso mesmo. Quando vou me achar, minhas linhas, meus desenhos, meus reflexos, não mais me mantém desperto. Troco de nome, pulo de sexo, alheio (a) à todas as posições emocionais e geográficas.

Habita?
Não sei. Se me encontrar por aí, me passe o número do meu RG, CPF, endereço para entrega. Fico vagando assim alheia. Entre todos os estranhos, conhecidos e lembrados. Se você me vir por aí ponha um poema no meu bolso e me deixe seguir.

Uma hora eu volto, me espera?

Nenhum comentário:

Postar um comentário