quarta-feira, 6 de maio de 2009

Molotov com defeito, dá pra trocar?

Ás vezes o sarcasmo não resolve todas as incompreensões do mundo,nem todas as disputas. Ás vezes o sorriso amarelo em excesso causa a queda dos dentes, até a mente apodrece quando jogada no lixo. Não dá pra rir de tudo. E nem sempre o silêncio acoberta. Descobertas simples feitas cotidianamente, mas insisto em deitar fora minhas entranhas em jogos de azar. Tropeço sobre crânios e pistolas defuntas, idéias e amores mortos que a muito se regeneraram em outras metáforas. Revolvo numa espécie de sadismo os poemas que foram meus outrora e encontro além das rimas de gosto sofrível as risadas que devem ter causado e que até agora ignorava. Mas que se dane, os momentos de palermice são assim mesmo, no melhor estilo apaixonado década de 20. Perseguições de Almodóvar cheias de rios e olhos enevoados. E olhando pra trás agora meu sentimental não vale o espaço que ocupa no peito. É conversa de bêbado esquecida pela manhã, logo após o café forte sem açúcar. É engraçado isso, hoje você diz “putz não posso viver sem você e blá blá blá” amanhã “ quem era aquela fulana mesmo?” E todos aqueles planos lindos arquitetados como pinturas fauvistas se desmoronam em Mabuses, Galigaris e Nosferatus. E começa tudo de novo, como no “Blood”. São ações circulares que desembocam sempre umas nas outras, só mudando os personagens. A gangrena de palavras, os amuos,as conversas repetidas que se retiradas de contexto são taxadas de egocentrismo puro. Assim caminha esse sentimental monstruoso. Cheio não de grades paixões, mas talvez de grandes enganos. Pessimismo básico pra insuflar no peito a discórdia e o terrorismo. De vez em quando me dá uma grande vontade de jogar molotovs a esmo. Nas faculdades, nas livrarias, nos parques públicas, dentro das minhas gavetas, das suas meias, sei lá, nos lugares improváveis. Joguei até um dentro do meu peito, pra ver se tinha sangue mesmo. Ou se era só massa de tomate. Mas olha só, saíram palavras, uma caralhada de palavras espessas, densas escorrendo ou correndo pelo rombo afora.
E não foi tão lírico quanto se possa imaginar, ver o estofo da minha alma assim largado pelo chão da sala, e saber que não era sangue, era palavra, cumulo da esquisitice,saber que desse vício não tem fuga, que desse karma vou me apoderar, engolir e cuspir num corte na boca asqueroso e largo. Que não há salvação, que longe disso minha sina fica incompleta, mas dentro dela minha vida fica estéril. Dentro dessa dualidade esforço os ossos para ver um pouco além, mas nem dádiva de escritor, nem talento pra panfleto, fica tudo lá no meio. Jogado a esmo. Molotov que não estoura.

Um comentário:

  1. muito bom o texto....uhn será q juntando eu e vc naum fazemos um molotov decente pra essas porras q existem por ai? rs bjs

    ResponderExcluir