segunda-feira, 11 de maio de 2009

Parte III

Às vezes fico excitada com dedos na buceta, camisa apertada entre as pernas, querendo fazer raiva, dar raiva. Dar quina de mesa na cabeça do desejo. Porque as vezes fico no cio e cachorro no cio se enrosca em perna de mesa, mas eu não tenho mesa, e me enrosco na perna dos soldadinhos de chumbo ou nos dedos da minha mão. Dedos da mão. Densos pedaços de pele saindo de mim. Pedaços vermelhos escorridos nas pontas dos dedos. Listras vermelhas meio densas escorrendo coxas adentro. Amparo sua queda e reviro sua cor no piso do banheiro, piso amarelo cheio de marcas de urina, fios de cabelo embolorados e vermes d’água. Alguns ainda transparentes outros já pretos e gordos. Sento a bunda no piso amarelo e remexo nos fios vermelhos que saem das minhas entranhas, dá pra fazer colcha? Aranha saindo da buceta vermelha, cuspindo fios de seda fina. Dá pra fazer vestido. É bonita a cor. Mas eu não tenho agulha, só unha, e com a unha não dá eu já tentei, no mês passado eu já tentei. Mas não dá pra fazer um casaquinho e eu tenho tanto frio. Faz tanto frio aqui. Passos. Passos no piso frio. Demorei de novo. Lá vem elas, elas vem me tirar da água quentinha e já fazem cara feia. Demorei. Sujei o piso amarelo mijado. Ficou no fim alaranjado. Cromatismo básico. No mês que vem eu tento de novo, até tecer um casaco.

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