segunda-feira, 4 de maio de 2009

Zapatistas, sapateiros, revolucionários, encrenqueiros e um calendário com dois dias a menos

Em vez de fazer as coisas necessárias, perde tempo nas avarezas do sentido, nas pequenas mazelas da coluna e reclama por dias e dias a fio a falta de sustento. Refaz o caminho do avesso, sempre pretexto para não sair de casa nos dias de sol. Meio incapaz e estéril de reproduzir o som energúmeno da sua voz. Mas como pode uma voz ter tal alcunha? Simples, basta que dentro dessa voz aja um recheio de palavras burras.
A boca capacitada para a estúpida ação de falar e rechear o mundo como um grande peru de natal. Coisas inúteis para dar gosto, mas na verdade o peru já está morto e não se dá nem tira nada dos mortos. Nem deveria prestar atenção a essas esquisitices que saem das pontas dos dedos, nada disso deveria ser interessante, além das obrigações que se estendem por meses sem serem cumpridas. Ah nada como a doce irresponsabilidade de não depender de ninguém,de não ter nada a perder. De não ter sustento, nem prédio,nem remédio, nem critério... Nem mesmo o cinismo salva nesse momento glorioso de cuspidas na cara e nos reflexos do espelho. Que nenhuma face fique impune! Cacem a cabeça do rei pela floresta, desse arquiteto de bestialidades! Cacem a filha da puta da memória e só me voltem com ela rechaçada! Nada vale essa voz que grita ardida e queima a garganta quando sai sem direito pela goela afora. Nada valem essas palavras que se reproduzem como coelhos doentes pelas estradas, alastrando pálpebras cerradas e beiços amuados. Cacem a infeliz da tristeza e tragam seu corpo cozido com salsa! Voltemos por um momento no tempo e absorvamos do espírito medieval e vamos rechaçar tudo que não for compreensível a esses nossos cerebrozinhos de geléia. Seria realmente bem fácil se tudo fosse assim,Terminator 2, localizar e destruir. Ou como numa monarquia, mande caçar e assar e servir aos convidados e tudo bem. Mas a memória e o bendito do senso de responsabilidade corroem até os maiores cretinos em algum momento do dia ou da vida, sabe-se lá quando essas coisas acontecem. Não há um lembrete no calendário “ Hei, lembre-se hoje é o dia da sua crise existencial, boa sorte!”. Se houvesse algo assim, o calendário já teria tomado ares de recepcionista de psiquiatra.

E as coisas necessárias só pra saber, se tornaram tão chatas e pretensiosas que é preferível a irrealidade das caçadas por sentimentos dentro de uma esfera de alucinações. Rechear o peru defunto com um molotov e esperar pra rir da cara dos convidados que não sabem o que fazer com aqueles pedaços de defunto espalhados pelo teto. Viva La revolucion!

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