quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Obscenos pensamentos da garota do apartamento 34

Eu fiquei com vontade de escrever mais uma página desse diário imaginário para ouvintes surdos e cegos e imaginariamente presentes. Resolvi escrever o seu nome mais uma vez pra ver se havia retornado alguma infecção e olha que surpresa: seu nome ainda é lindo na minha boca, não tão lascivo nem acido nem batido nem misturado mais ainda é bonito preso com um alfinete nos meus lábios. Existe algo de ingênuo nessa minha tarefa de recolher memórias e ficar juntando pedaços pra bater uma punheta (embora esse não seja o termo exato para a ação soa mais comum e até mais bonito). Gosto da idéia de me tocar pensando em você, o adormecer fica mais doce e mais liso, escorregadio como uma música debaixo do chuveiro. Ou um pesadelo que se desvanece.
Alguma coisa ficou presa no bolso da minha calça ou na alça do meu coração, eu não quero ser Claudel nem Farnese. Tenho pânico de partir minha loucura em doses tão densas, ter uma overdose com a minha sensata estrutura sentimental complexa e relapsa. Funciono como um grande arquivo de sensações imaginadas, como uma paranóia constante, um momento drogado que permanece imaculado. Uma viagem dentro da veia da noite. Alguma coisa como um baixo transtornado batendo dentro da caixa torácica. Doendo. Machucando. Ardendo. Fazendo inferno dentro das linhas do corpo. Eu fico assim dentro de mim: peixe se debatendo dentro de um aquário cheio demais. Fico me espremendo dentro das minhas inquietações, mas permaneço bem quieta, bem quieta, escondida no fundo de tudo esperando alguém me encontrar ou eu me cansar.

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