quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Reflexões acerca de um filme
[Camile Claudel de Bruno Nuytten]

Presa de suas próprias paixões e aspirações. Como uma Claudel encarcerada dentro de si gritando e aspergindo inseguranças pelos poros como pólen de uma desgraça anunciada. Percebeu a intensidade de suas sensações quando não reteve na palma da mão a intensidade de qualquer acontecimento. Sentiu-se menor. E ainda menos que antes. Sentiu-se assim embriagada de uma volúpia e uma desnecessária loucura irresponsável. Ardeu em febre por dias seguidos. Aquela febre que regurgita a pele. O calor parece abraçar todo o espaço e a noite se intercala com o vazio. E o silêncio se torna diferente ao ser respirado. Tragado até a última possibilidade. Intensificado. Dopado. Armado. Ergueu a ponta dos dedos pra tocar um pedaço do próprio rosto, sentiu-se sombria. Na rua que naquela hora não abrigava nada alguém pode ter a mesma sensação. Será? Alguém terá essa sensação nessa mesma hora ouvindo a mesma música sentado numa cadeira parecida? A rua estará cheia de Claudels, Farneses e Fridas? Pequenas obsessões embaladas por ritmos cardíacos intensos. Compassados. Relógios sentimentais apostando tudo numa única esquina, numa só página de roteiro.

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