quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Sunset Boulevard again

Recorro ao cinismo. Corro na direção de um automóvel. Me lanço nos braços de um assassino de pulôver laranja. Me denigro com chá de gengibre feito numa chaleira de aço. Exagero o zelo dos meus entes. Deixo tudo dentro do meu organismo, estático. Aumento as doses de morfina pra aliviar a dor no peito. Inchaço. Faço resenhas para livros que nunca vou escrever. Alguma coisa como “ Literatura marginal clariciana introspectiva pra matar de tédio o coração mais molenga e a senhora leitura de livros Júlia e promover a melancolia massiva e histérica”. Coisas que nasceram engessadas por decreto dentro do meu corpo e que tento arrancar como forma de me esvair. Como um pensamento. Um gota de suor. Um susto. Um surto. Uma nota Dó.
Deixo subentendido certezas textos poemas dilemas edemas e silêncios psicomotorizados. Crio palavras ao acaso, na vã tentativa de me ludibriar, me desviar do fracasso. Imponho no rosto cravos e clavas, mostras de sinceridade e força, mas quão vago e saturado é o meu silêncio. Quão fraco é o meu progresso. E tão simples e entrelaçadas são as minhas sensações. Escrevo linhas e mais linhas deixando rastros de pão. Pontos,virgulas e traços. Procurando uma verdade que sei não existir. A incapacidade de dar o braço a torcer, saber perder ainda vai me condenar á uma loucura a la Norma Desmond.

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