quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Aranhas sobre a colcha

Teço planos
que já nascem mortos.

Os olhos cravejam
de distâncias os espaços,
além das linhas retas do teu nome
nada me singra.

Sinto-me por vezes,
encouraçado sem razão
num porto de memórias.

Tenho astros
dentro das falas,
mas não há ouvidos
nas paredes
nem preces
nos espelhos.

Não há nos livros velhos
nas lombadas de minhas mãos
abrigo
para essa solidão tão reticente

Não há olhos, astros, mãos,
livros ou planos
que já não estejam defuntos
dentro desse aglomerado
de resíduos.

Eu apenas quero dormir
e não ter pressa de acordar
como a mesma pessoa.

Eu quero na medida do descrédito
apagar todos os dias anteriores
aos da agenda de hoje
ter amnésia
ter um olhar estrangeiro
com tudo que me detém
dentro desse aglomerado
de resíduos.
Eu almejo
um descanso e um respiro.

talvez tecer
um novo corpo
e
um novo
pássaro
para recriar minhas manhãs.

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